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Você carrega o mundo, ou o mundo carrega você?

Tenho uma camisa favorita. E é engraçado, porque eu não gosto nem de rosa e nem de estampa, mas minha camisa favorita é rosa com riscos quadriculados em branco e azul. Acho linda. Mas, ansiosa que sou com esse negócio de códigos sociais, eu só uso minha camisa favorita pra trabalhar. Então, tenho uma camisa “de trabalho” favorita.

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E, hoje, digo “de trabalho” assim entre aspas porque esses dias eu aprendi que não existe de verdade esse negócio de roupa “de trabalho”. Pra mim, roupa sem gênero sempre foi uma realidade, mas roupa “de trabalho” sempre tinha sido roupa “de trabalho”. Vá entender.

Mas, desde que ouvi – de uma forma bastante óbvia, até – que não existem roupas “de trabalho”, tô trabalhando com esse novo conhecimento. Tenho pensado sobre isso, porque, vocês sabem, reflito demoradamente sobre as coisas.

Nessa semana, de independência, cheguei num bom paralelo.

O mundo, hoje, é redondo.

Mas isso também não é unanimidade. Tem muita gente aí que acredita que, na real, o mundo é plano e essa conversa toda de forma-de-bola não passa de enganação – há um mundo de teorias irrefutáveis sobre a Terra ser, na verdade, um disco achatado. E nem é só isso. Não estamos divididos só entre #timeomundoéumabola e #timeterraplana.

Se você pesquisar bem (nem precisa, pode só clicar aqui), vai descobrir que existe uma crença de que o planeta está apoiado nas costas de quatro elefantes que ficam equilibrados no casco de uma tartaruga gigante que vaga pelo universo.

Eu, particularmente, gosto de pensar que estamos todos sendo carregados por quatro elefantes equilibrados no casco de uma tartaruga gigante que vaga sem rumo pelo universo. Pra mim, essa teoria sempre fez todo o sentido do mundo – até porque, em muitas oportunidades, eu me sinto a própria tartaruga (quando eu era criança, a resposta que eu dava pra clássica “o que você quer ser quando crescer?” era só uma: Tartaruga Ninja).

E acho essa imagem absolutamente maravilhosa:

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Essa conversa toda sobre as várias teorias sobre a Terra é só um exercício. Um pensar que, independente de qualquer confirmação da NASA, cada um pode pensar e encarar o mundo no universo como bem entender. “Ah, mas Marta, existem evidências de que o mundo é redondo e está suspenso no universo por causa das leis universais que fazem os planetas orbitarem em torno do sol”, você diz. Ok.

Mas a forma como você encara o mundo no universo é sua.

Se você parar pra pensar, isso é bem libertador, não?

E, considerando a teoria de que quem pode o mais pode o menos, se um assunto tão complexo quanto a forma do universo pode possuir diversas interpretações e releituras, algumas outras coisas podem se beneficiar dessa abertura toda. Tipo roupas, né? Roupas “de menino” ou “de menina”, “de trabalho” ou “de sair”. Crocs. “Não, Marta, tudo tem limite”, você argumenta.

Mas aí eu te pergunto: Será?

Um bom dia da independência pra você.

Quer você acredite que a terra é redonda, quer não. Quer você entenda que existem roupas “de trabalho”, quer não. Só você pode dizer – de verdade – no que acredita. E ninguém precisa acreditar na Tartaruga Cósmica pra chegar nesse ponto de reflexão.

Photo by Daniel Frank on Unsplash

Marta Savi

Marta gosta de escrever, mas tem dificuldade em fazer pequenos perfis de si mesma. Teoriza tudo. Odeia quartas-feiras. Se pudesse votar em 1993, teria votado no Rei. É ansiosa aqui uma quinta sim e uma quinta não, e toda sexta no ansiosa.blog.

  • Ju

    Também acho! Nunca entendi de nenhuma lei da física, então prefiro acreditar em mágica! Obrigada, de nada, tchau!

    7 de setembro de 2017 at 16:38 Responder
  • Karupin

    Hoe, Marta! Tudo bom? 🙂

    Em tempos de opiniões tacanhas e inflexíveis, seu texto parece uma viagem leve e deliciosa à bordo de uma tartaruga, hehe!

    Peguei carona para abrir ainda mais o pensamento, refletindo sobre como nos acostumamos a baixar a cabeça para o que dizem ser mais correto ou adequado, com frases de efeito ou discursos copiados e colados, sem sequer se dar ao direito e à obrigação de refletir sobre o porquê de ser assim e não assado. Pode ser pela roupa “de trabalho”, pela forma que a Terra tem lá de cima, por acreditar mais no horóscopo do dia do que na meteorologia ou ainda por posições, condutas, notícias que absorvemos.

    Ter independência na forma de pensar, ter o direito de ir na prateleira e escolher as roupas, convicções e ideias que mais nos agradam… Está mais do que na hora de pararmos de nos sufocar tentando caber em caixinhas pré-catalogadas e voltarmos a respirar, voltando a usar aqueles recursos a nosso favor. ♥

    Obrigada pela reflexão de Independência! 🙂
    Beijos, flor~

    7 de setembro de 2017 at 22:18 Responder
  • Cynthia Inácio

    Penso que podemos ir além do que está dentro da caixa. Porém, tudo é uma questão de equilíbrio, coesão e coerência de elementos. Cada um tem um jeito de enxergar isso, mas existe um padrão óbvio do que é mais adequado para cada ocasião. Para isso, temos as roupas de banho, praia, frio, calor, etc. Não podemos ignorar que as escolhas nem sempre serão insólitas. Existem fatores externos, climáticos, culturais, psicográficos e outros tantos… que irão influenciar muito nossos discursos de liberdade e escolha. Mas o caminho é esse: da liberdade de expressão. Da reinvenção. Do não a repetição seriada. Moda é projetar o que sentimos, pensamos e aprovamos… É a nossa linguagem mais íntima, mais próxima de nosso toque, do nosso corpo. Representa a nossa imagem. A nossa identidade. A nossa fala não verbal. Os códigos na moda existem e sempre irão existir.Cabe a cada um decidir quais seguir.Como a sua escolha em usar um xadrez rosa” it girl and business”… Amei! O seu texto também! Mais uma fã do blog por aqui…

    29 de maio de 2019 at 15:35 Responder

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