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Uma ansiosa em Paris

Vocês devem ter percebido que parte do time Não Repete estava dando uns rolês no Velho Continente nas últimas semanas, né? Pois é. Eu não fui, mas tava na dúvida se ia ter ansiosa semana passada.

É um pouco embaraçoso de admitir, mas preciso contar um segredo pra vocês: eu só escrevo. As imagens todas passam por uma curadoria, porque eu simplesmente não tenho esse chip. Então era plenamente compreensível eu estar na dúvida.
(Até porque eu sempre tô)

Só que sou uma pessoa cheia de planejamentos, então eu escrevi um textão, mesmo sem saber se as férias do Não Repete se aplicavam a quem tinha ficado no Brasil ou não. E contei a história que vou dividir com vocês agora.

Mas isso precisa ficar entre nós, ok? Não vá sair por aí espalhando, porque eu tenho uma reputação de pessoa planejadora a zelar.

Não estava na Europa agora, mas estive há uns poucos meses. A viagem de uma vida, que foi cuidadosamente planejada na minha cabeça ansiosa, virginiana com ascendente em virgem e de pessoa mais control freak que eu conheço. Tudo milimetricamente calculado no Mundo das Ideias.

Foi lindo. Até a hora de comprar as passagens. Quando emitimos os tickets, alguma coisa aconteceu no meu cérebro. Ele congelou. Eu não consegui organizar um roteiro, não consegui compreender os mapas das cidades em que ia passar. Os sistemas de tarifas do metrô eram muito mais complicados do que uma aula de matemática financeira pra gente de humanas. Parecia tudo grego – e eu não ia pra Grécia. Entrei num furacão de confusão e não consegui me organizar direito.

Mas, a par disso – até porque o meu “não consegui me organizar direito” é muito mais organizado que o de muita gente por aí, preciso reconhecer – tudo transcorreu dentro do esperado de uma viagem de férias. Altas confusões, perrengues, quilômetros andados a pé, ônibus e metrôs no sentido errado e muito empurrão tomado de quem não consegue observar a beleza da cidade em que vive simplesmente porque mora nela. Foi incrível.

Mas tinha outra coisa.

Eu tinha um plano ousado pra essa viagem. Eu iria passar só dois dias em Paris, bem no meio da viagem, mas tinha comprado da Aro uma calça que seria perfeita pra foto na Torre Eiffel. Vermelha, esvoaçante, com uma blusa preta de gola alta – meu tipo de blusa quando não tô de camiseta – ia ficar incrível. Ia ser minha foto de perfil basicamente pra todo sempre.

Muito orgulhosa de mim mesma, contei pra todo mundo sobre essa foto. Treinei as poses, porque, travada que sou, não sei reagir direito a uma câmera. Arrumei as malas. A calça esvoaçante vermelha. A blusa preta de gola alta. Tudo cuidadosamente dobrado na mala. Ia ser incrível. Já conseguia ver.

No fim da primeira semana, fomos arrumar a mochila pra ir pra Paris. Peguei a calça vermelha esvoaçante, a blusa preta de gola alta, ia ser incrível. Já tinha recebido a dica da Guid que aquele look funcionava com um tênis preto básico. Seria só colocar um tênis preto que ia ficar ótimo.

Um tênis preto básico. Deveria ser o primeiro item na mala de qualquer pessoa. Né?

Um tênis preto básico. Que eu não levei. Parece que tem alguém aqui que não sabe direito como planejar uma mala.

A pessoa, ela simplesmente não tem esse chip. Não consegue absorver que lukes completos envolvem, também, os sapatos. E tá aqui. Escrevendo no blog de moda. Vá entender.

Ainda bem que essa história fica entre nós, né?

Pelo menos eu já sei o que botar na mala primeiro na próxima viagem.

Marta Savi

Marta gosta de escrever, mas tem dificuldade em fazer pequenos perfis de si mesma. Teoriza tudo. Odeia quartas-feiras. Se pudesse votar em 1993, teria votado no Rei. É ansiosa aqui uma quinta sim e uma quinta não, e toda sexta no ansiosa.blog.

  • Fabiana

    Bom mesmo é quando a gente vai pra Paris/Londres cheia de “lukes” de verão na mala.
    Aí esfria.
    E você passa 10 dias usando a mesma calça jeans e o mesmo casaco.
    Fim.

    12 de outubro de 2017 at 18:59 Responder
  • Karupin

    Hoe, Marta! Tudo bem? 🙂

    Ah, flor, hahaha! Desculpe rir, mas considero que esse seja um daqueles causos que, se não tivessem acontecido, a viagem não seria tão marcante na memória! Com certeza, sempre será um adendo maravilhoso para o ouvinte não apenas prestigiar um relato de viagem que deu certo à cidade luz, mas também rir gostoso contigo toda vez que contá-lo daqui a dez, vinte, trinta, cinquenta anos ♥

    Beijos, flor~

    14 de outubro de 2017 at 23:21 Responder

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