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Passei uma semana usando as roupas DELA – O que eu aprendi

Tem desafios que eu não consigo fazer sozinha, por isso dessa vez convidei o Renan a fazer um bem simples: passar uma semana vestindo as roupas da esposa dele, a Marta. Ele deu sorte pois a Marta tem um estilo mais esportivo, mas ainda assim não deixou de ser um desafio, e vou deixar ele contar pra vocês como foi.

Tudo começou com um desodorante em 2016. Estava na farmácia comprando e nem um pouco satisfeito com os cheiros das opções masculinas. Até que eu peguei um feminino – de bamboo – e pensei: meu, por quê é tão melhor? Por que eu não poderia usar? Não tem motivo.

Mas, na verdade, tem. Vivemos numa sociedade com padrões bem fixos – azul é de menino, rosa, de menina. Parece que você nasce com isso registrado no cérebro, mas é apenas um reflexo de um comportamento repetido e reproduzido, desde sempre. Até quando?

Minha reflexão começou com o desodorante e se estendeu. Comecei a compartilhar roupas com a Marta, minha esposa. Até que fui desafiado pela @guid a passar uma semana usando roupas dela. E, agora, compartilho o que aprendi com isso.


Primeiro aprendizado: bolsos.

Meu deus, que limitação cruel. Qual o motivo dos bolsos femininos serem tão pequenos? sério? Não cabe nada. N-A-D-A. Nem carteira. Acho que nem uma bala. Eu não consigo acreditar que estamos em 2017 e até agora as mulheres convivem com isso. E tem uma situação pior: bolsos falsos. Ou seja, dão a ilusão que você pode, mas na verdade, tapa na cara, é mentira. Que obrigação é essa de carregar bolsa? Inacreditável. Marcas, apenas mudem.

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Segundo aprendizado: a parte de cima é difícil.

A Marta não é de muitos fru-frus, sabe. Mas essa história de ombros mais largos, a estrutura masculina, realmente faz diferença. Em mim, as camisas e blusas, no geral, ficaram mais curtas. But no fear, deu pra resolver com uma camiseta branca por baixo (dela também, ou melhor, agora, nossa).

Outra situação: decote (hahahahahaa). Consegui adicionar uma blusinha assim no quarto dia. Quem diria. Usei sobreposta a uma camiseta preta e ficou tipo um suéter – na verdade, impossível dizer que não era.

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Terceiro aprendizado: os tecidos são melhores, mas são finos.

Eu não sei nome de tecido, mas o do casaco é muito bom – mesmo. Por que não existem mais roupas assim? “Sobretudo”: são finos. Na foto parece que estou bem agasalhado, mas é mentira. Passei frio. Contei pra fotógrafa e ela disse que é assim mesmo, que é difícil achar um casaco feminino que realmente esquenta. Is this real life?

Teve um dia que uma camisa tinha transparência. Não era assim, qualquer transparência. Estamos falando de mamilos, polêmica, aparecendo. Deu pra resolver também: com uma camiseta preta por baixo. Como em Curitiba faz frio sempre, foi até melhor.
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Quarto aprendizado: botões.

Parece simples, mas os botões são do outro lado. Não sei dizer se é um padrão. Mas o do casaco e das camisas fechavam do outro lado. É isso, mesmo? Eu fiquei aproximadamente 17 minutos pra fechar os botões de uma camisa. Meu cérebro não conseguia compreender hahahahaha

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Quinto aprendizado: guarda-roupa.

Vamos dizer que eu não tenho uma organização muito aprimorada, quando o assunto é roupa. Tem um aquecedor alto no quarto que serve de “apoio” para mim durante a semana (leia-se deixo várias roupas acumuladas ali).  Marta é ansiosa.blog (mesmo) e não tem muitas roupas. Rolou um breve stress sobre como guardar as calças no cabideiro. Se você seguir esse caminho, tenha uma conversa com ela, antes. Limites e regras são necessários.

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Resumo

No final do dia, só fiz isso pra mostrar que é possível, sabe? As pessoas precisam quebrar essas barreiras. Usar as roupas dela não me faz menos homem. Vivemos em uma sociedade onde, todo dia, muitas pessoas precisam lutar por direitos iguais. Só que as mulheres precisam lutar muito.  E se você tem dúvidas sobre o seu papel, homem, nisso tudo, começa com a reflexão sobre o seu privilégio. Você não precisa usar o desodorante ou as roupas dela, apenas precisa abrir sua mente e lutar contra essas limitações.

Agradecimentos:
@guid, pelo desafio e por mostrar a moda real pro mundo/
@karin_braun, pelas fotos e apoio em projetos incríveis/
@martasavi pelas roupas, pela vida a dois, cada vez mais dividida/

Muitoooo obrigada @renanrizzardo por topar essa experiência e compartilhar tudo com a gente, foi muito esclarecedor pra mim e trouxe mais ideias para novos posts. Se é pra testar a moda, a gente vai até o fim e mais uma vez mostra que look sem gênero já está no nosso armário, falta estar no nosso olhar. <3

Guid Meinelecki

Encorajo pessoas a vestir o que quiserem. Consultora de Estilo com Blog e Canal no Youtube pra poder ir além.

  • Karin Braun

    <3 Foi um prazer, como sempre!
    Agora… sobre os botões: não sei se você já descobriu o motivo de eles serem do outro lado, e eu não queria deixar você muito triste com isso mas… Nossos botões são do lado correto, para que possamos nos vestir sozinhas. Já os seus botões, ~masculinos~, são do lado contrário, para que TE VISTAM… você é homem, não deveria se vestir sozinho. =X Sim, é verdade.

    7 de agosto de 2017 at 17:58 Responder
    • Milene

      Na verdade é o contrário. Isso vem da época em que as mulheres eram vestidas pelas amas e por isso os botões na esquerda facilitavam o trabalho delas. Já os homens se vestiam sozinhos.

      7 de agosto de 2017 at 20:43 Responder
    • Isabela

      Tô chocada com essa história dos botões! Faz sentido, considerando o papel que deram para a mulher ao longo da história. Vai rolar uma tristezinha na hora de abotoar os botões por esses dias, mas vamos fazer limonada com os limões 🙂

      7 de agosto de 2017 at 21:26 Responder
    • Lola

      Na verdade é porque antigamente as amas vestiam as mulheres (principalmente as mais abastadas), até pelo número de camadas de roupas que elas usavam, enquanto os homens (normalmente) se vestiam sozinhos.
      Outra, é que como a maioria dos homens ricos andavam armados, sacavam as espadas com a mão direita, então seria mais fácil desabotoar a roupa com a mão esquerda, já que o número de canhotos é menor.

      7 de agosto de 2017 at 21:54 Responder
    • Renan Rizzardo

      <3
      Tô confuso sobre quem vestia quem na história, mas gnt: verbo no passado. Há quanto tempo ninguém mais veste ninguém e os botões estão aí. É meio que um retrato dos padrões da sociedade, né?
      Impressionante!

      8 de agosto de 2017 at 13:52 Responder
  • Fabiana Savi

    Aimeodeos! Que coisa mais incrível!
    Quero um #desafiodaGuid só pra mim!

    7 de agosto de 2017 at 18:44 Responder
  • Léo Picelli

    SENSACIONAL!!!
    Parabéns pelo desafio, pelo texto, pelos aprendizados!
    Como a Fabi, também quero um desafio da Guid pra mim

    7 de agosto de 2017 at 19:22 Responder
  • Mia

    Cara, que post incríveeeel! E adorei o estilo dela/dele hahaha

    7 de agosto de 2017 at 20:56 Responder
    • Renan Rizzardo

      Obrigado, Mia 😉
      Agora será cada vez mais dele/dela! hahahahaha

      8 de agosto de 2017 at 13:53 Responder
  • Kelly Gequelim

    Lindo, amei! Fiquei aqui imaginando (E RINDO MUITO) o Flávio com as minhas roupas. Isso sim seria um desafio hahaha. <3

    7 de agosto de 2017 at 20:57 Responder
    • Renan Rizzardo

      Quero esse post na minha mesa, agora! hahahahahahaha

      8 de agosto de 2017 at 13:53 Responder
  • Aroana Machado

    esse post é maravilhoso em tantos sentidos que nem sei o que dizer, só sentir.

    7 de agosto de 2017 at 21:25 Responder
    • Renan Rizzardo

      <3

      8 de agosto de 2017 at 13:54 Responder
  • Éric Leopoldino

    Adorei! Adorei!

    7 de agosto de 2017 at 21:26 Responder
  • Isabela

    Nossa, que maravilhoso ler esse post e saber dessa experiência! Sempre detestei essa diferenciação extrema entre os gêneros que existe e tomara que o desafio faça muita gente refletir sobre. Parabéns aos envolvidos, de verdade!

    7 de agosto de 2017 at 21:29 Responder
    • Renan Rizzardo

      Tomara, mesmo, Isabela!
      D´á pra fazer, quebrar padrões. Começa com a gnt 😉

      8 de agosto de 2017 at 13:55 Responder
  • Lais Glück

    Gente que post maravilhoso! Arrasaram!! Poderia muito isso ser uma coluna e convidar outros casais a testarem o mesmo!! 😀

    7 de agosto de 2017 at 21:52 Responder
    • Renan Rizzardo

      Sim! Fica a dica pra @guid 😉

      8 de agosto de 2017 at 13:55 Responder
  • Karupin

    Hoe, Guid! Tudo bem? 🙂
    Galera, que desafio bacana! ♥

    Foi muito interessante ver as roupas a que estamos tão acostumadas pelo ponto de vista de um homem. Mais, alguém que topou (e ainda topa) o desafio com a mente aberta, fazendo comentários razoáveis e relevantes, sem impor preconceitos ou valores “masculinos” para inferiorizar o que faz parte do nosso microcosmo feminino. Confesso que, abrindo o post, já estava me armando para uns comentários do tipo “que ridículo”, “me nego a usar”, como já vi alguns fazendo por aí…

    Sou time bolsos meeeeixmo nas roupas femininas, concordo com cada colocação do nobre Renan a esse respeito. Sempre me pego comemorando ao ver uma roupa, uma calça, uma saia com bolsos decentes, mas mais parece espécie listada pelo Ibama: rara em extinção. Tanta tecnologia nos tecidos, nos cortes, tanta abertura para novos estilos, sejam mais ajustados ou mais soltinhos… 2017, pipou: já dá para superar a velha desculpinha de que bolso vai dar volume indesejável, né? … Ufa, lavei a alma, haha!

    Arrasou com o desafio, Guid, Renan e todos os demais envolvidos! Voto por rolar mais desafios diferentes e até repetir esta dose eventualmente com outro rapaz na roda, hehe 🙂
    Beijos, flor~

    7 de agosto de 2017 at 22:03 Responder
  • Renan Rizzardo

    Obrigado!
    Confesso que estava preocupado em dizer algo inadequado, sabe? Ufa!
    A intenção é promover a mente aberta, mesmo 😉 Seguimos na luta diária para quebrar esses padrões.
    E vamos lutar tb para que essa história dos bolsos fique onde merece: na história! Até porque gostei de algumas calças e pretendo usá-las novamente hahahahahaha

    8 de agosto de 2017 at 14:07 Responder
  • Carmelina Ferrari Passos Pimenta

    Amei td Renan!!! O seu texto ficou ótimo e muito engraçado, seus looks ficaram divinos e seu exemplo de homem liberado, sem preconceitos de gênero foi mara…. parabéns por td!! E a Marta que saiu perdendo (roupas) nessa…hehe

    8 de agosto de 2017 at 19:39 Responder
    • Renan Rizzardo

      hahahahahahaha Obrigado Carmelina! Marta perdeu e ganhou ao mesmo tempo, né?
      Agora compramos para os dois, não só pra um!

      9 de agosto de 2017 at 18:06 Responder
  • Tales U.

    Desafio: usar uma saia ou vestido.
    E será que a mulherada bateria palmas também?

    24 de agosto de 2018 at 20:18 Responder
    • Reinier

      Eu topo o desafio…

      25 de abril de 2019 at 18:32 Responder
  • Diego José da Rosa

    Adorei o post. Eu mesmo tenho vontade de usar peças femininas, como calças skinny, botas. Mas o preconceito impede até mesmo de pesquisar sobre que tipo é tamanho comprar. Interessante ver debates desse tipo.

    10 de julho de 2019 at 20:42 Responder
  • Diego José da Rosa

    Eu topo o desafio. Aceitando até usar vestidos, terninho, salto alto apenas como experiência e dar a opinião sincera a respeito disso.

    10 de julho de 2019 at 22:34 Responder
  • Fernando dos Santos

    Eu gostei desse posto do mesmo jeito que gosto de usar roupas femininas. Pronto falei.

    8 de setembro de 2020 at 16:56 Responder
  • Fernando dos Santos

    Não vejo nada demais no post,pois muitos homens se vestem de mulher,eu também faço isso e acho o máximo.

    8 de setembro de 2020 at 17:02 Responder

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